Professor da UFMS lança CD no Glauce

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Na próxima quarta-feira, 22 de outubro, o Teatro Glauce Rocha recebe, às 20h, o violonista e professor de música Marcelo Fernandes. Ele lança seu primeiro CD: “Música latino-americana para violão”. A entrada para o recital é franca. O álbum é resultado de vasta pesquisa do cenário musical sul-mato-grossense, brasileiro e latino-americano para o violão. O repertório possui forte inspiração folclórica e une vários estilos como o samba, o choro e a música cabocla (tocada em viola caipira).

Como ponto de interseção entre o repertório brasileiro e latino-americano, foram elaborados quatro arranjos de canções conhecidas no Estado: Mercedita, Quilômetro Onze, Comitiva Esperança e Fala Coxim.

Está confirmada a participação da Orquestra Sinfônica Municipal de Campo Grande, sob o regência de Eduardo Matinelli. A Orquestra executará com Marcelo Fernandes arranjos inéditos de músicas brasileiras, incluindo as regionais. Algumas obras de importantes compositores latino-americanos, como Leo Brouwer e Abel Carlevaro, foram trabalhadas pelo intérprete como os próprios autores e, no caso da música Evocación Pasillo, do colombiano Clemente Diaz, a apresentação será a estréia brasileira.

Curriculo – Marcelo Fernandes é bacharel em Violão e mestre em Artes pela USP (Universidade de São Paulo). Estudou com Abel Carlevaro, de quem foi discípulo durante temporadas de estudo na cidade de Montevidéu, no Uruguai. Venceu os seguintes concursos de interpretação instrumental: X Concurso Nascente USP – Abril (SP, 2000); I Concurso Internacional Violão Intercâmbio (SP, 1999); XVII Concurso Latino – Americano de Violão Rosa Mística (PR, 1998); II Concurso Nacional de Violão Musicalis (SP, 1998) e I Concurso MOAD (Campos do Jordão, 1999).

Há mais de dez anos iniciou carreira internacional realizando recitais em teatros, conservatórios e universidades na Espanha, França, Suíça, Portugal, Colômbia e Chile. Dos quais, destacam-se: Universidad de Los Andes – Colômbia; Conservatório do Porto – Portugal; IV Ciclo Internacional de Guitarra de Albacete – Espanha; e Universidade de Rennes – França. Apresenta-se com freqüência em importantes salas de concerto brasileiras, tais como Auditório do Masp, Centro Cultural de São Paulo, Centro Cultural Fiesp, Teatro Glauce Rocha, tendo ainda intensa atividade como docente e recitalista dentro de festivais e concursos de violão brasileiros.

De 1993 a 2004 foi professor do Conservatório Musical Villa Lobos, em Osasco (SP), onde idealizou e coordenou o I FIVO – Festival Internacional de Violão e foi responsável pela produção de mais de cem concertos. Atualmente é doutorando em Musicologia junto ao Departamento de Música da USP e professor universitário.

Obras sobre MS – Marcelo Fernandes irá tocar melodias que exemplificam nossa cultura sem necessariamente serem obras compostas por sul-mato-grossenses. Segundo o maestro Manoel Câmara Rasslan, Comitiva Esperança, de Almir Sater e Paulo Simões, é um exemplo disso. A canção foi composta em 1983, às vésperas da realização do projeto homônimo, idealizado com objetivo de pesquisar – naquele tempo e lugar – o modo de vida do homem pantaneiro, incluindo aí sua expressão musical. Criada logo após uma turnê realizada pelos compositores, com o Projeto Pixinguinha, pelo Norte e Nordeste brasileiro, a música é uma espécie de fusão de ritmos do cateretê, toada e coco, feita para a trilha do filme longa metragem que seria produzido como um dos resultados do Projeto, transmitindo a esperança do que pensavam que seria a Comitiva. Falando em termos musicais, sua linha melódica utiliza características da música de viola que ressaltam a herança cabocla, recebida do interior paulista e mineiro, dentro da cultura de MS e o arranjo salienta as características rítmicas da obra, pelo acréscimo de uma linha melódica independente para o baixo.

La Meced, ou simplesmente Mercedita (como é conhecida em Mato Grosso do Sul), é uma canção do instrumentista e compositor argentino Ramón Xisto Rios inspirada em seu próprio romance com Mercedes Strickler Khalov, uma jovem de Santa Fé, Argentina. A letra da canção descreve esse romance, enquanto a música se tornou um dos chamamés mais populares de todos os tempos. O arranjo proposto por Marcelo faz uma releitura da obra, expondo o tema com liberdade. A princípio, apresenta-se a melodia com harmônicos e depois a canção surge da forma como é conhecida em MS.

A canção Fala Coxim, de Zacarias Mourão e Goiá, foi composta em homenagem à cidade de Coxim, no norte de Mato Grosso do Sul. Sua estrutura rítmica original apresenta uma complexa sobreposição de ritmos binários e ternários, sobrepondo o acompanhamento ao estilo da polca paraguaia (em compasso binário composto/ternário simples) e à linha melódica da moda “caipira” (em compasso binário simples). Segundo o musicólogo campo-grandense Evandro Higa, essa prática era comum na cultura musical rural do Estado, durante a segunda metade do século XX. O arranjo que será apresentado recria a harmonia da obra fazendo uma exposição lenta do tema e repetindo a introdução ao final, em andamento acelerado, típico da polca paraguaia. Já Kilometro Once é um dos clássicos do chamamé de Corrientes (Argentina). Seu compositor, Transito Cocomarola, é considerado o reinventor do gênero. O Chamamé, ao lado da polca paraguaia, é considerado um dos principais gêneros da música latino-americana incorporados ao cancioneiro de Mato Grosso do Sul.